Em muitas escolas os livros ficam guardados em armários, em salas de leituras ou são poupados pelos professores. Isso dificulta o acesso para os alunos. As escolas também estão muito atreladas aos conteúdos programáticos. Uma rotina escolar deveria ter rodas de leituras de jornais, leitura de textos literários e leitura dedicada aos projetos didáticos”, disse a diretora de projetos especiais da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) e uma das coordenadoras do projeto Ler e Escrever, da Secretária da Educação do Estado de São Paulo, Claudia Arantangy.
Ela participou do debate “Livros na escola: basta para formar leitores?”, durante a 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. A Bienal do Livro acontece entre os dias 14 e 24 de agosto, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na capital paulista. O evento reúne 350 expositores nacionais e estrangeiros e espera receber um público superior a 800 mil visitantes.
Ela participou do debate “Livros na escola: basta para formar leitores?”, durante a 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. A Bienal do Livro acontece entre os dias 14 e 24 de agosto, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na capital paulista. O evento reúne 350 expositores nacionais e estrangeiros e espera receber um público superior a 800 mil visitantes.
Para modificar tal realidade, Claudia disse que o mais importante é mudar as rotinas das escolas, aproximando o aluno e o professor. “O contato com a leitura deve ser diário, o professor deve ficar atento. Precisamos dedicar mais tempo para a leitura dentro das instituições, sempre utilizando uma diversidade de gêneros textuais, para estimular o gosto e o prazer em ler”. Para isso, é preciso ter professores qualificados que estimulem e desenvolvam a leitura junto aos alunos.
Principais problemas - Para a coordenadora do Ler e Escrever, o grande problema é que muitas vezes a escola, ao invés de incentivar, desestimula a leitura, pois institucionaliza os conteúdos, descontextualiza e desvincula o assunto estudado da sua ação e/ou função social. “Quem, por exemplo, lê uma bula de remédio quando não se está doente? Ou quem hoje em dia pára para ler o jornal e analisa minuciosamente cada uma de suas partes? É preciso criar situações de uso, pois a prática deve estar mais integrada com a utilidade cotidiana”, explicou.
Os trabalhos e reuniões coletivos foram apontados como saídas possíveis, pois a troca pedagógica estimula novas estratégias e formas de trabalhar a leitura e os conteúdos com a classe. “É uma troca muito rica, pois se discute o fazer pedagógico. Compartilhando experiências, os professores conseguem sair da esfera do ‘criar’ para a o ‘acontecer’. A dificuldade de um, também pode ser a do outro, e juntos podem levantar soluções”, explicou.
Claudia também ressaltou a importância da formação dos professores na hora de formarem os futuros leitores, pois depende deles a forma de como interagir a leitura com outras práticas e com a vida cotidiana. Para isso, é fundamental integrar uma comunidade de leitores compartilhando diferentes práticas culturais de leitura e escrita. “Formar uma comunidade leitora na escola, na cidade e na família. Quanto maior for essa comunidade maior será o número de leitores envolvidos”, explicou.
Para finalizar, Claudia ressaltou o papel da leitura na formação do cidadão. “A leitura é fundamental, pois com ela conseguimos defender nossas interpretações e tentar compreender o outro e o mundo. O livro nos ajuda a tomar posições diante da leitura realizada, faz nos questionarmos acerca das intenções e opiniões do autor, e com isso conseguimos refletir e formar nosso próprio pensamento”.
Dados - Segundo a pesquisa Retratos da Leitura que o Instituto Pró-Livro, os estudantes brasileiros lêem 7,2 livros por ano, mas 5,5 deles são didáticos ou indicados pela escola. Apenas 1,7 livro é lido por vontade e escolha própria. 46% dos estudantes do país dizem não freqüentar bibliotecas e apenas 17% afirmaram não gostar de ler. Levantamento realizado em 2007 pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a partir de dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostrou que apenas 15% das mais de 5 mil escolas estaduais paulistas têm bibliotecas. Por outro lado, o estudo indicou que 73% das escolas dispõem apenas de salas de leitura.
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